O grau de investimento dado pela agência Standard & Poor's pode trazer algumas conseqüências para o Brasil, como, é claro, maiores investimentos externos, porque muitas empresas requerem uma "nota" mais elevada; diminuição das taxas de juros (pelo fato de o país ser considerado menos inadimplente); continuidade da política econômica que levou a essa melhoria.
Como outra consequência, muitos analistas temem que o "selo de qualidade" chancelado pela Standard & Poor's faça a moeda americana "derreter" de vez ante o real -o que provocaria um "efeito cascata" que vai do aumento das importações à deterioração das transações correntes. (clique para ler entrevista com economista que desacredita nessa enxurrada de dólares)
Agora, explicado malemal o que é o investment grade, aqui vão algumas críticas feitas a esse respeito:
"No entanto, o foco das agências de risco não é o crescimento, ou o bem-estar da população, ou mesmo uma análise completa de todos os aspectos da economia de um país. Trata-se tão-somente de uma avaliação acerca da probabilidade de que o país pague aquilo que deve, e, nesse aspecto, a melhora da economia brasileira é visível." ALEXANDRE SCHWARTSMAN
(Neste link, pode-se ler o texto de Schwartsman inteiro, com críticas do economista Luís Nassif sublinhadas. Pra que se entenda, Nassif chama Shwartsman de "Professor de Deus" porque o último "descrê do dogma da Santíssima Trindade" e tenta analisar uma coisa de cada vez, "de preferência, a que lhe é favorável", como explicou Nassif.)
E em seguida, o texto de Clóvis Rossi a que me referi no comentário do post anterior.
CLÓVIS ROSSI
Miçangas e felicidade
SÃO PAULO - E a pátria foi dormir feliz ao ganhar a miçanga dos novos colonizadores, o tal de "investment grade".
Por novos colonizadores entenda-se esse formidável mundo financeiro e suas entidades, incapazes de antever riscos nas hipotecas "subprime", mas nem por isso julgadas menos aptas a determinar que países estão "limpos" e que países devem continuar tratamento. Nada contra a festa pelo rótulo.
Tudo contra deixar de ter a correta perspectiva. O que a miçanga ora concedida mede é apenas o risco que correm os investidores ao colocar dinheiro no Brasil. Não mede, portanto, o risco que correm os cidadãos do país em seu cotidiano ou em seu futuro.
Não mede, por exemplo, que o Brasil "perdeu a guerra" contra a dengue, como admite o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. "No problem", dirão os avaliadores de risco, dado que não se conhece nenhum caso de investidor que tenha contraído a doença.
Não mede, por exemplo, o risco de sair às ruas de São Paulo, do Rio ou de Belo Horizonte, superior ao de incontáveis outras cidades de países não "investiment grade".
Não mede, por exemplo, cenas explícitas de estupidez verbal, como a do coordenador dos cursos de medicina da Universidade Federal da Bahia, ao dar a seus conterrâneos o grau CCC-de inteligência, incapazes até de tocar berimbau se berimbau tivesse mais de uma corda. E nada acontece.
Não mede, por exemplo, a inconveniência de o presidente da República avalizar o mau uso do dinheiro público no caso do governador do Ceará, que gastou R$ 383 mil para alugar um jatinho, quantia que daria para comprar 30 passagens em classe executiva São Paulo/Paris/ São Paulo, ao preço mais alto constante ontem no site da Air France (taxas incluídas).
Até quando o Brasil ficará feliz com miçangas?
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Acho que o post ficou um pouco confuso e com muitas informações e links, mas enfim, foi o melhor que eu achei sobre a situação. De qualquer forma, economia é sempre muito difícil pra mim, mas se com esses textos acima eu consegui entender, espero que ajude alguém também :P
sábado, 3 de maio de 2008
Investment grade
Postado por Patrícia Anette às 16:47
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1 comentários:
O "Investment grade" não é fácil de ser entendido logo de cara. Obrigado pelo texto Patt, deu uma esclarecida! Mas mesmo assim, tive que ler outras explicações, porque, confesso, economia também não é meu forte!
Gostei bastante desse texto do Clóvis Rossi!
Tinha lido parte dele na Folha de sábado se não me engano...
No meu ponto de vista, ele disse tudo!
Por um lado, sobre o "Investment grade", uns afirmam que o mercado vai ficar mais líquido porque terá um fluxo maior de pessoas operando, por outro, concordo com o Clóvis quando ele diz que não se conhece nenhum caso de investidor que tenha contraído dengue. Uma puta crítica! hahaha
De qualquer forma, só espero que o "grau de investimento" traga algo realmente bom para o Brasil, como afirmam economistas. Termino com uma frase do analista Fausto Gouveia que li num site: "Hoje o Brasil é a bola da vez. Abrindo essa possibilidade muitos fundos, que ainda não aplicavam no Brasil por conta dessa barreira poderão investir aqui".
Abraços,
Beto.
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