ONU: agricultura industrial não resolve fome, pobreza e aquecimento global
15 de Abril de 2008
Amsterdã, Holanda — Relatório critica a excessiva industrialização e os transgênicos, e defende agro-ecologia para produzir mais e melhores alimentos.
A agricultura industrial e os organismos geneticamente modificados (OGMs) não são a solução para combater a fome no mundo, a pobreza e as mudanças climáticas, e os governos devem incentivar práticas agrícolas mais sustentáveis, como a agro-ecologia. É preciso trabalhar com a natureza para produzir mais e melhores alimentos. As conclusões são do Relatório Internacional sobre Ciência e Tecnologia Agrícolas para o Desenvolvimento (IAASTD, na sigla em inglês), elaborado por centenas dos melhores cientistas do mundo do setor.
O documento vem sendo discutido desde 2005 e foi ratificado em reunião realizada na última semana (de 7 a 12 de abril) em Joanesburgo, na África do Sul, por representantes de 60 países, que assinaram a versão final do texto, que pretende guiar as prioridades futuras de governos, agências da ONU e órgãos financiadores em relação à agricultura e desenvolvimento.O documento recomenda também a adoção de pequenas propriedades e métodos agro-ecológicos como forma de se combater a atual crise alimentícia no mundo e suprir as necessidades de comunidades locais, declarando o conhecimento indígena e local tão importantes como a ciência formal.
Para o Greenpeace, o relatório é uma oportunidade história para substituir uma prática destrutiva por métodos que trabalhem com a natureza, não contra ela. O texto traz críticas contundentes às práticas agrícolas atuais e também à indústria de biotecnologia e seus transgênicos. Os Estados Unidos, Canadá e Austrália foram os únicos países presentes ao encontro (uma espécie de IPCC da agricultura) a não assinarem o documento, alegando ser ele 'desequilibrado'. Eles acusam os autores de não serem independentes, mas curiosamente só fizeram tais críticas agora, depois que o texto foi publicado - os três países participaram da escolha dos autores do documento.
“Esse relatório mostra que podemos produzir mais e melhor sem destruir a natureza e nossos recursos naturais. Soluções modernas de cultivo trabalham a favor da biodiversidade, geram muito emprego e protegem a natureza”, afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil.
“Esse relatório é um chamado para que governos e agências internacionais redirecionem e aumentem seus financiamentos para uma revolução na agricultura que é essencialmente agro-ecológica.”, afirma Benny Härlin, do Greenpeace Internacional, que participou do IAASTD.
O IAASTD é uma iniciativa do Banco Mundial em parceria com um grande grupo de organizações, incluindo a Organização para Alimentação e Agricultura da ONU (FAO), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), Organização Mundial de Saúde (OMS) e representantes de governos, sociedade civil (como o Greenpeace), setor privado e instituições científicas de todo o mundo.
Fonte: www.greenpeace.org/brasil/
Os transgênicos, foram durante algum tempo um assunto muito difundido na mídia, mas está meio "sumido" no momento, mas continua sendo um assunto polêmico.
Leia a matéria e deixe seu comentário.
Abraços,
Henrique.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Agricultura Industrial e os Transgênicos
Postado por henrique.dm às 20:26
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5 comentários:
Eu sinceramente acho que, em um país como o Brasil, onde as fiscalizações sobre a agricultura são pífias, é quase impossível diminuir em grande escala a produção latifúndiaria enquanto os produtores tiverem mercado consumidor. Porém acho muito importante o incentivo do Banco Mundial aos produtores agro-ecológicos para que os latifundiários percebam o quanto é importante e principalmente que eles também podem lucrar muito com tal agricultura.
Espero que nao se esqueçam que o mais importante é mudar a cabeça do consumidor, para que ele passe a preferir alimentos ecologicamente corretos a transgênicos "industriais".
Em relaçao ao problema da fome, nao acho que seja esse o ponto, pois essa agricultura com certeza será cara em um primeiro momento. Sem mencionar as toneladas de alimentos que são jogados fora ao invés de terem destinações diferentes, como por exemplo a compra destes que o governo poderia oferecer, a um custo mais baixo, ja que estão com o prazo de validade curto, e doar a pessoas mais carentes.
Abraços
Raul
quanto aos transgênicos, a solução que vejo também é a de educação dos consumidores, quem sabe um trabalho da mídia sobre isso, o que é impossível que aconteça por causa dos interesses econômicos, tal.
eu tava aqui procurando nas minhas Caros Amigos um texto do João Pedro Stedile, que é membro da Coordenação Nacional do MST e da Via Campesina Brasil, mas infelizmente não achei; depois procuro na internet, quando tiver tempo.
O texto falava de um projeto do MST acerca da agricultura da cana desenvolvida de maneira sustentável e em minifúndios, atendendo, ao mesmo tempo, a necessidade de reforma agrária e a economia crescente do álcool, incluindo até alguns mecanismos novos desenvolvidos por cientistas para se extrair o álcool em máquinas que cada assentamento poderia ter, se houvesse investimentos do governo.
de qualquer forma a minha pesquisa nas Caros não foi em vão; achei um texto do mesmo Stedile lembrando dos dez anos (a revista é de 2006) do massacre de Eldorado do Carajás, completos no dia 17 (junto com o aniversário do Beto, aeee).
Citei o massacre porque o vejo como forte exemplo de, como disse o Raul, falta de fiscalização no campo, e porque acho que a reforma agrária e a organização do campo está fortemente ligada a essa questão de agricultura ecológica.
por isso, nada do indicado pela ONU pode acontecer no Brasil enquanto houver "a manutenção de uma estrutura injusta da propriedade da terra, que faz com que apenas 26.000 grandes proprietários - que representam menos 1% do universo de 5 milhões de agricultores - sejam donos de 46% de todas as terras do Brasil", como constatou Stedile.
Gostei da reportagem, Henrique!
Antes de mais nada, eu tenho a visão da seguinte...
A indústria alimentícia, juntamente com a engenharia genética, chegou ao ponto de modificar alimentos, para se obter melhores resultados, e é claro, visando produzir mais (pois resistem a insetos e pragas e se adaptam à diferentes climas), vender mais e como consequência, visando o lucro.
Transgênicos portanto, ao meu ver, é: o alimento usado como forma de lucro, não que os "não transgênicos" não sejam também. É exorbitante pensar que enquanto se vê essa excessiva fome mundial, ainda queiram lucrar com uma das principais fonte de vida.
Voltando um pouco mais às questões da reportagem, concordo com o Raul e com a Patt em relação à educação de toda a população. Na verdade a educação é a melhor e mais pura forma de se obter bons resultados.
Quando o texto afirma que o documento recomenda a adoção de pequenas propriedades, achei genial, e na minha opinião seria a solução para muitas questões sociais e fiscais. Porém num país do tamanho que é o Brasil, e na má distribuição de terras que possui, isso se torna bastante difícil, mas deixo claro que não impossível. E então caímos na questão do MST, que há muitos anos luta por essa insanidade que são os latifúndios, áreas muitas vezes abandonadas e improdutivas, porém cercadas.
E como já diria o título de uma música ae... "A História se Repete", e mais uma vez a nação "georgina" ou "bushista" ficou de fora. Enquanto uns enxergam nos EUA a persuasão do avanço, eles nos mostram cada vez mais, serem o retrocesso da humanidade.
E para concluir, concordo com Benny, esse relatório, sem dúvidas, é uma verdadeira revolução na agricultura, e acima de tudo, preza pelo bem da natureza.
Abraços,
Beto.
Por falar em retrocesso da humanidade e dos EUA, recomendo um filme CLÁÁÁÁÁSICOO!!
Blade Runner
vcs teeem q assistir!!
=]
Abraços
Raul
EH ISSO AE CHAVEEEZZZ!!!!
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CARACAS - O presidente venezuelano Hugo Chávez declarou que a decisão americana de impulsionar a produção de etanol enquanto existe uma crise mundial de alimentos é um "crime".
Chávez disse ainda que a quantidade da produção americana de milho usada para fabricar biocombustível, em vez de ser destinada para alimentar os pobres do mundo, é preocupante.
O presidente venezuelano afirmou ontem que o milho necessário para encher com biocombustível o tanque de um automóvel serviria para alimentar sete pessoas durante um ano.
A Venezuela ofereceu a doação de mais de 350 toneladas de alimentos ao Haiti, onde o aumento do preço dos alimentos provocou violentos distúrbios no princípio do mês.
As informações são da Associated Press.
Abraços
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